ANTONIO COSTTA.

O POETA AGENOR OTÁVIO

Eu vou dizer uma coisa/ e não é demagogia/ eu não sou de Itabaiana/ mas vivo aqui todo dia;/ e a cada dia que passa/ eu sinto mais alegria!
Cheguei aqui para morar numa manhã de janeiro de 2001, de mãos dadas com minha esposa Neide e a minha filha Letícia Pillar. Mas confesso que não imaginei que estaria desembarcando nossos sonhos numa cidade que além de ser a “Rainha do Vale do Paraíba”, é também, sem dúvida alguma, “O Reino da Poesia”.
E não poderia ser diferente, pois a terra que serviu de berço para o inesquecível autor de “Brasil Caboclo”, o poeta Zé da Luz; que viu o mestre Sivuca nascer e aprender tocar acordeom; ela também serviu de berçário para vários outros admiráveis poetas que infelizmente continuam no anonimato, ou no semi-anonimato, a não ser pela disposição de alguns em publicar seus poemas nos periódicos locais. É uma pena, pois o talento poético que aflora de Itabaiana o Brasil precisa conhecer.
Mas de vez em quando um milagre acontece no meio literário, pois para felicidade geral dos amantes da poesia, alguém publica um livro. E desta vez a grata satisfação vem do poeta Agenor Otávio, de 67 anos, que está se preparando para lançar o seu primeiro livro: MEMÓRIAS DE ITABAIANA E MINHAS POESIAS. Nos transmitido, através de seus versos, juventude e entusiasmo. Fazendo-nos lembrar do personagem Dom Quixote, caminho a fora, a pregoar justiça e esperança aos moradores da terra! É ai que nós vemos que a alma de um poeta é iluminada, indiferentemente da idade. Pois não consigo olhar para o poeta Agenor Otávio e não ver nele um jovem descobrindo os encantos da poesia! Poesia que por sinal é uma relíquia, um tesouro que não mais se encontra em qualquer lugar; pois fazer poesia com romantismo nos dias atuais não é fácil. E Agenor vem nos falar, de maneira antológica, de uma tal “Lua Branca”, “eterna em seu brilhar/ com seu brilho que avança/ refletindo sobre o mar”. Ainda é possível encontrar jóias em Itabaiana e diga-se de passagem, não são raras na verve deste poeta. Veja só esta estrofe do “Jovem” velho poeta:

“Ah! Se eu fosse um beija-flor
Mesmo assim tão pequeno
E você uma linda flor
Molhada pelo sereno
Para eu viver te beijando
Com o nosso amor envolvendo”

E como todo mundo que nasce em Itabaiana é doente de amor pela sua terra natal, entre Agenor Otávio e a sua cidade esse caso de amor é crônico. De tal forma que ele escreve:

“A esta terra amada
Entrego o meu coração
Até a última palavra
E a derradeira visão
Entregarei minha alma
E o corpo ao frio chão”.

Sem falar na emoção que sente quando nos fala da velha gameleira, dos curtumes, das sapatarias, das cirandas, das lapinhas, da grande feira de gado do Alto dos Currais, enfim, de um tempo de glória que não volta mais.
O poeta, feito massapê agarrado a terra, imaginando ter que partir um dia e deixar para sempre a sua “Rainha do Vale”, ele escreve:

“Se eu soubesse que morria
Jamais teria nascido
Que pena faz deixar este universo
Onde tudo é colorido
As saudades deixo para todos
E a tristeza levo comigo”

Não importa se a sua poesia é simples e popular; o importante é que o poeta canta o amor com sinceridade e a sua terra brejeira como se fosse o melhor lugar do mundo!
Parabéns, meu “jovem” poeta de 67 anos, Agenor Otávio!
Que Deus te abençoe e que você continue surpreendendo a todos com o seu belo dom poético.
Itabaiana, 03 de Março de 2006.
ANTONIO COSTTA.